Francois Villeroy de Galhau, membro do Conselho do Banco Central Europeu e governador do Banco da França, disse na quarta-feira que as políticas recentes do presidente dos EUA, Donald Trump, minaram a confiança no dólar americano.
Em uma entrevista recente, ele afirmou: "O protecionismo e a imprevisibilidade do governo Trump são 'fatores ruins' para a economia dos EUA".
Mais cedo na quarta-feira, pouco depois de implementar agressivamente "tarifas recíprocas", Trump protagonizou uma "grande reviravolta" no cenário global. Ele anunciou que havia autorizado uma suspensão de tarifas de 90 dias para países que não adotassem medidas retaliatórias. Trump afirmou que, durante esse período, ele reduziria significativamente as tarifas recíprocas desses países para 10%, com a suspensão entrando em vigor imediatamente.
Villeroy comentou: "Um grande fator na consistência da política dos EUA nas últimas décadas tem sido o apego à posição central do dólar. Acredito que o governo Trump compartilha essa visão, mas é muito inconsistente na maneira como a pratica. O que aconteceu nos últimos dias e semanas não é propício à confiança no dólar".
Ele acrescentou: "Isso pode ser um fator positivo para o desenvolvimento do 'papel internacional' do euro".
"Graças a Deus, a Europa criou o euro há 25 anos. Estabelecemos nossa própria soberania monetária e podemos gerenciar nossas taxas de juros de maneira diferente dos EUA, o que não era possível antes", acrescentou.
Por fim, Villeroy reiterou que não espera uma recessão na França.
Na quarta-feira, o ministro das Finanças francês, Eric Lombard, revisou para baixo a previsão de crescimento econômico da França para 2025, de 0,9% para 0,7%.
Esta não é a primeira vez que Villeroy critica as políticas tarifárias de Trump. Ele alertou recentemente que as políticas tarifárias causaram mais danos à economia dos EUA do que ao resto do mundo.
Ele afirmou na época que, embora se esperasse caos após a posse de Trump, o impacto se mostrou maior do que o previsto.
"Isso (política tarifária) é um choque para a economia mundial e ainda mais para a economia dos EUA. É, antes de tudo, uma tragédia para a economia dos EUA", acrescentou.
Além disso, não é apenas Villeroy. À medida que Trump vem cortando gradualmente os laços com aliados ocidentais, como a UE e o Canadá, muitos especialistas expressaram preocupações com o status do dólar. O Deutsche Bank alertou recentemente que o dólar americano pode enfrentar uma "crise de confiança", enquanto o status do euro como moeda de reserva global será reforçado.
O estrategista do Deutsche Bank, Tim Baker, observou em um relatório que o euro está se tornando um "substituto" do dólar americano. A zona do euro está tomando medidas ativamente para aumentar a oferta de ativos seguros, fortalecer a defesa e flexibilizar as políticas fiscais, o que aumenta a atratividade do euro como ativo refúgio.



