A decisão dos EUA de dobrar as tarifas de alumínio da Seção 232 para 50% em 4 de junho (após terem ficado em 25% desde meados de março) redefiniu instantaneamente as curvas de custos e os fluxos comerciais. Os produtores que exportam para os EUA viram suas margens reduzidas, apesar do salto no prêmio do Centro-Oeste.
A receita da Alcoa caiu para cerca de US$ 3,018 bilhões, uma queda de aproximadamente 10% em relação ao primeiro trimestre, enquanto o lucro líquido caiu para US$ 164 milhões, ante US$ 548 milhões no mesmo período do ano anterior (embora ainda acima dos US$ 20 milhões do primeiro trimestre). O EBITDA ajustado caiu para US$ 313 milhões, ante cerca de US$ 855 milhões no trimestre do ano anterior, pressionado pelos preços realizados mais baixos e pelos custos em ascensão. As tarifas causaram o choque mais dramático: US$ 115 milhões em direitos no segundo trimestre sobre as importações canadenses, ante apenas US$ 20 milhões no primeiro trimestre. O prêmio do Centro-Oeste subiu, mas não o suficiente para neutralizar uma taxa de 50%. A gestão respondeu redirecionando o metal canadense para a Europa e a Ásia, pressionando Washington por alívio tarifário, congelando reinicializações de alto custo, vendendo ativos não essenciais (incluindo uma participação em uma joint venture saudita) e apertando as operações para preservar o caixa.
A Rio Tinto — que envia cerca de três quartos da produção de alumínio do Canadá para os EUA — absorveu mais de US$ 321 milhões em custos tarifários no primeiro semestre de 2025. Cerca de 723.000 toneladas foram enviadas para o sul, ampliando o impacto do aumento dos direitos. Os executivos chamaram a política de "distorcedora do mercado", alegando que ela sobrecarrega os compradores norte-americanos sem tornar os produtores domésticos mais competitivos. Os prêmios do Centro-Oeste subiram para um recorde de US$ 0,66/lb no final do segundo trimestre, permitindo uma repassagem parcial, mas ainda deixando uma lacuna de rentabilidade. A empresa está direcionando mais volume para a Europa e a Ásia, aceitando tempos de trânsito mais longos e custos de frete mais altos. Nos EUA, os aumentos de preços são calibrados para compartilhar a dor sem estrangular a demanda. A incerteza política está forçando a Rio Tinto a reavaliar o investimento de capital nos EUA, com mais detalhes esperados no seu próximo relatório semestral.
A Norsk Hydro, menos exposta às tarifas diretas dos EUA, teve um trimestre forte: o EBITDA ajustado atingiu NOK 7,79 bilhões, um aumento de 33,4% em relação ao ano anterior, graças aos preços mais altos de alumínio e energia, além de ganhos de eficiência. O lucro líquido também subiu. Ainda assim, a gestão reconheceu os efeitos mais amplos da política comercial dos EUA. O fornecimento norte-americano mais apertado e os prêmios regionais mais altos ofereceram uma proteção de curto prazo para os produtores ocidentais, e a Hydro se beneficiou quando alguns pedidos voltaram para fontes domésticas. A demanda por extrusões na América do Norte diminuiu 1% em relação ao ano anterior, mas melhorou 5% em relação ao primeiro trimestre, sugerindo uma estabilização. A empresa, no entanto, alertou que o prolongamento das fricções comerciais pode sufocar o crescimento global e enfraquecer o consumo de alumínio.
Para manter-se ágil, a Hydro reduziu em 1,5 bilhão de coroas norueguesas (cerca de 147,5 milhões de dólares) os investimentos planejados para 2025, congelou as contratações externas de colarinho branco e iniciou uma reestruturação que eliminará mais de 100 postos de trabalho — principalmente em Extrusões — para reduzir os custos fixos. Ao mesmo tempo, a empresa está se posicionando para aproveitar as oportunidades decorrentes da redirecionamento dos fluxos comerciais, mantendo-se atenta ao excedente chinês e preparando-se para ajustes na cadeia de suprimentos caso a turbulência política aumente.
Vários fios condutores estão presentes nas três histórias. As tarifas tornaram-se um instrumento bruto, aumentando os custos mais rapidamente do que os prêmios podem subir. As cadeias de suprimentos estão sendo reconfiguradas rapidamente, aumentando a complexidade e os custos logísticos. A “proteção” de curto prazo por meio de preços domésticos mais altos pode ajudar alguns, mas a preocupação a longo prazo é a destruição da demanda caso as guerras comerciais se prolonguem. A disciplina de custos voltou a estar no centro da estratégia — seja por meio de vendas de ativos, cortes de investimentos ou reduções de pessoal — e os conselhos de administração estão se manifestando mais fortemente contra as barreiras comerciais que consideram contraproducentes.
A perspectiva imediata depende de se as tarifas de 50% persistirem, de até onde pode ir o prêmio do Centro-Oeste e de se os produtores podem continuar a equilibrar os mercados sem alienar os clientes. Se não houver alívio, as tarifas podem se tornar uma rubrica permanente, levando a mudanças estruturais mais profundas em relação a onde o alumínio é fabricado e vendido. Por enquanto, as grandes empresas de alumínio estão improvisando em tempo real — equilibrando aumentos de preços com riscos de demanda, transferindo toneladas entre os oceanos e pressionando por clareza — tentando alcançar a lucratividade em um ambiente político onde a certeza é escassa.



