Xangai (Gasgoo) - Em 16 de agosto, a Great Wall Motor (GMW) abriu oficialmente sua unidade de fabricação no Brasil. Na inauguração, um caminhão pesado a hidrogênio fez sua estreia. O veículo está equipado com o sistema de célula de combustível patenteado fornecido pela GWM HYDROGEN-FTXT ("FTXT"), uma empresa chinesa de alta tecnologia voltada para o campo da energia a hidrogênio. Além disso, o caminhão pesado a hidrogênio passará por testes de estrada em colaboração com a Universidade de São Paulo (USP) e outros parceiros locais, avaliando o desempenho em cenários de condução reais, de acordo com uma publicação na conta do WeChat da FTXT.
Os testes serão realizados em etapas, com engenheiros da FTXT, equipes de desenvolvimento de produtos da GMW e acadêmicos da USP trabalhando lado a lado. O foco deles abrange três frentes: avaliar como os sistemas de hidrogênio lidam com a geografia e o clima exigentes do Brasil e acompanhar o desempenho em variáveis como calor, altitude, qualidade das estradas e superfícies diversas, para entender melhor como esses fatores influenciam a eficiência e a confiabilidade a longo prazo; avaliar a compatibilidade com diferentes fontes de hidrogênio, como hidrogênio verde e hidrogênio proveniente da reforma de etanol, bem como adaptar a tecnologia de caminhões a hidrogênio aos recursos energéticos locais, padrões de transporte de carga e redes de infraestrutura atuais; analisar o comportamento de condução real no Brasil, compilando dados sobre os hábitos locais ao volante, a fim de identificar onde a tecnologia pode ser ajustada, otimizar os caminhões para uso regional e construir uma base mais sólida para a eventual comercialização.
Além da avaliação de desempenho, o programa foi projetado para promover a transferência de tecnologia por meio da colaboração universidade-indústria, fortalecendo as capacidades de pesquisa doméstica em hidrogênio do Brasil e estabelecendo as bases para a comercialização local.
A iniciativa remonta a um Memorando de Entendimento (MoU) assinado em 2023 entre a GMW e o governo do estado de São Paulo, com o objetivo de avaliar as aplicações de hidrogênio no Brasil. Até 2024, a GMW já havia identificado cinco projetos de reabastecimento de hidrogênio em estágios avançados, criando a estrutura de infraestrutura para os próximos testes.
Em novembro de 2024, a FTXT também assinou um acordo com o governo do estado de Minas Gerais e a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) para avançar conjuntamente no desenvolvimento de caminhões a hidrogênio verde. A colaboração abrange o fornecimento de hidrogênio pela universidade, a troca de conhecimentos técnicos e a criação de infraestrutura adicional de abastecimento, expandindo ainda mais o ecossistema regional de hidrogênio do Brasil.
Como braço de energia limpa da GWM, a FTXT tem se alinhado à estratégia mais ampla de "exportação de ecossistema" da GWM no exterior, enquanto constrói uma base sólida no país. Os testes de caminhões a hidrogênio no Brasil marcam um passo concreto nessa direção, demonstrando como a FTXT está aproveitando a presença internacional da GWM para aproximar as tecnologias de hidrogênio desenvolvidas na China de aplicações em larga escala no exterior.
As autoridades brasileiras listaram o projeto entre as iniciativas-chave que apoiam a transição energética do país. Sua aprovação sinaliza que a tecnologia chinesa de caminhões a hidrogênio está entrando em implantação substancial na América do Sul, oferecendo também uma nova plataforma para cooperação mais estreita entre a China e o Brasil no transporte sustentável.
Ao mesmo tempo, a FTXT está avançando com projetos em parceria com empresas brasileiras em áreas como navegação movida a hidrogênio e sistemas de cogeração de calor e energia. Esses esforços visam estender a adoção do hidrogênio além dos veículos, abrangendo toda a cadeia industrial, incluindo produção, armazenamento, distribuição e uso. Tal expansão pode ajudar o Brasil a construir um ecossistema coordenado de "transporte mais energia", posicionando a tecnologia chinesa como referência para a implantação global de hidrogênio.



