Mary Daly, presidente do Banco da Reserva Federal de São Francisco, disse no domingo que acredita que a atual postura de política monetária do Fed dos EUA é "boa" e que os riscos para os objetivos de estabilidade de emprego e preços nos EUA estão mais ou menos equilibrados.
No mesmo dia, após proferir um discurso em São Francisco preparado para a reunião anual centenária da Western Economic Association International, Daly declarou: "Devemos ajustar nossas políticas em resposta às mudanças de circunstâncias, mantendo esses dois objetivos em mente".
Em suas últimas declarações, Daly não comentou sobre as perspectivas ou políticas econômicas. Ela apenas observou que a orientação pública sobre as taxas de juros pode às vezes "ter um custo".
Daly disse que as autoridades devem "orientar com base no que sabemos, permanecer humildes sobre o que não sabemos e comprometer-se a responder ao mundo em que estamos, mesmo que ele difira do que esperamos".
As últimas declarações de Daly transmitiram uma mensagem semelhante à de seu discurso na sexta-feira. Naquele momento, ela indicou que os fundamentos da economia dos EUA estavam evoluindo em uma direção que poderia exigir uma redução das taxas de juros. No entanto, ela sugeriu que uma redução das taxas em julho poderia ser prematura e que uma ação no outono parecia mais apropriada.
"A menos que vejamos uma desaceleração significativa no mercado de trabalho que acreditamos que persistirá, acho que uma ação no outono é mais apropriada. Até lá, teremos mais informações, e as empresas me disseram que esperam ter algumas soluções até lá", disse ela.
Na semana passada, o Fed dos EUA continuou a "manter-se estável", mantendo a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais em 4,25%-4,5% e sugerindo que ainda há uma incerteza significativa sobre o impacto econômico das tarifas do presidente Trump. Isso marcou a quarta reunião consecutiva em que o Fed manteve as taxas inalteradas desde que as reduziu em 100 pontos base no ano passado.
As últimas previsões das autoridades indicam que elas esperam que o crescimento econômico desacelere, a inflação aumente e a taxa de desemprego aumente, com pontos de vista diferentes sobre as perspectivas das taxas de juros. O recém-divulgado "gráfico de pontos" revelou contradições internas no Fed: embora a expectativa mediana continue sendo de dois cortes nas taxas este ano, o número de autoridades que preveem que não haverá cortes nas taxas este ano aumentou de quatro para sete. Entretanto, o número de funcionários que preveem pelo menos dois cortes de taxas este ano diminuiu em um em relação a três meses atrás.
Além disso, as divisões dentro do Fed ficaram evidentes nas declarações feitas pelos funcionários após a reunião. Mais cedo na sexta-feira, o governador do Fed, Christopher Waller, um dos principais candidatos para o próximo presidente do Fed, afirmou que não espera que as tarifas elevem significativamente a inflação e, portanto, os formuladores de políticas devem considerar reduzir as taxas de juros já em julho.
Waller disse acreditar que o Fed dos EUA deve cortar as taxas de juros para evitar uma possível desaceleração no mercado de trabalho. "Por que devemos esperar até ver a economia realmente entrar em colapso antes de começarmos a cortar as taxas de juros? Talvez devêssemos começar a considerar um corte de taxas de juros na próxima reunião, em vez de esperar até que o mercado de trabalho entre em colapso", disse ele.
Thomas Barkin, presidente do Banco da Reserva Federal de Richmond, tem uma visão semelhante à de Mary Daly. Ele disse que não havia necessidade urgente de o Fed dos EUA cortar as taxas de juros no momento, já que os riscos das tarifas sobre a inflação ainda não se materializaram e o mercado de trabalho e os gastos dos consumidores permaneciam estáveis.
