Os dados mais recentes mostram que, após os problemas tarifários globais terem se acalmado, especialmente com a flexibilização das relações comerciais entre as duas maiores economias, o comércio marítimo de transporte trans-Pacífico continua a ser incentivado. As taxas de transporte marítimo de contêineres com destino aos EUA mantiveram-se fortes na terceira semana após o comunicado conjunto chinês de 12 de maio, apesar de uma desaceleração gradual nas reservas de transporte marítimo de contêineres.
O relatório mais recente divulgado na quinta-feira pela empresa de pesquisa e consultoria marítima Drewry mostrou que o preço para transportar uma unidade equivalente a 40 pés (FEU) de Xangai para Los Angeles registrou o maior aumento semanal do ano na semana que terminou em 29 de maio — subindo quase 17%, para US$ 3.738.
Embora a taxa de frete atual por contêiner ainda seja quase um terço menor do que o pico em janeiro deste ano, é significativamente maior do que o ponto mais baixo de US$ 2.487 no final de março, pouco antes de Trump anunciar as tarifas do "Dia da Libertação".
A empresa de dados de transporte Xeneta espera que as taxas de frete possam dobrar nas próximas semanas e podem até aumentar ainda mais devido à mais recente decisão sobre tarifas do Tribunal de Comércio Internacional dos EUA.Na quarta-feira, o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA decidiu inesperadamente que Trump não tinha autoridade para impor uma cobertura de tarifas abrangentes em quase todos os países ao abrigo do International Emergency Economic Powers Act (IEEPA, Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional).
Antes desta semana, o aumento nas taxas de transporte marítimo de contêineres com destino aos EUA foi quase totalmente impulsionado por importadores que se apressaram a fazer pedidos. Depois que Trump aumentou as tarifas sobre a China para 145% no início de abril, muitos importadores suspenderam os envios de seus pedidos. Nathan Strang, chefe de frete marítimo da Flexport, disse que algumas linhas de contêineres estavam uma vez totalmente reservadas, com partidas programadas até julho. As pessoas estavam operando em quase total incerteza, então, assim que viram uma oportunidade, corriam para solicitar envios.
A Balsam Brands, uma empresa norte-americana que vende árvores de Natal artificiais e decorações de férias, disse que importará 500 contêineres de decorações de Halloween, árvores de Natal e enfeites da China nas próximas semanas. A empresa espera pagar cerca de US$ 1 milhão a mais em custos adicionais de transporte em comparação com a taxa média à vista em meados de maio.
No entanto, apesar das taxas de transporte marítimo de contêineres continuarem altas, a escassez de reservas de transporte marítimo de contêineres pelo menos diminuiu um pouco.
Dados das empresas de tecnologia logística Vizion e Dun & Bradstreet mostram que, nos primeiros três dias desta semana, o número total de reservas de transporte de contêineres foi de aproximadamente 106.000 TEU (unidades equivalentes a vinte pés), uma redução em relação aos 137.000 TEU no mesmo período da semana anterior. Globalmente, a semana que começou em 19 de maio foi a semana com o maior número de reservas do ano até agora.
O rastreamento de dados de transporte real nas últimas duas semanas — que tende a ficar para trás em relação aos dados de reservas de contêineres em termos de mudanças — também mostra uma tendência de desaceleração semelhante.Nos últimos 15 dias, aproximadamente 34 navios partiram de portos chineses com destino aos EUA, uma redução em relação aos 48 navios no período móvel de 15 dias da semana anterior. O número de contêineres transportados por esses navios também diminuiu em um terço.
"Esta é uma situação em constante evolução", disse Jayendu Krishna, diretor da Drewry Maritime Services. "O que estamos testemunhando é um reequilíbrio contínuo entre a cadeia de suprimentos e indicadores como taxas de frete, reservas e partidas".
Enquanto isso, a capacidade nas rotas trans-Pacífico relevantes também está começando a se recuperar. As principais empresas de transporte marítimo de contêineres se comprometeram a aumentar a capacidade e, à medida que a demanda melhora, os transitários menores estão retornando à rota após anos de ausência. A CULines está capitalizando o boom repentino na rota trans-Pacífico e começará a oferecer serviços de transporte através do Pacífico, conectando vários portos chineses com o Porto de Long Beach, nos EUA; a sul-coreana KMTC Line também retomará os serviços de rota trans-Pacífico após décadas de ausência.
O volume total de comércio da China continua alto, com o número total de contêineres movimentados nos portos chineses na semana passada aumentando 6% em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando a 16ª semana consecutiva de crescimento em relação ao mesmo período do ano anterior.
