O general Mamadi Doumbouya ordenou ao ministro das Minas e Geologia, Boubacar Traoré, que "retire as licenças e concessões de qualquer empresa que não cumpra as suas obrigações legais", anunciou a televisão estatal na sessão ordinária do Conselho de Ministros realizada na quinta-feira, 8 de maio de 2025. Além disso, as autoridades iniciaram processos para cancelar a licença da Emirates Global Aluminium devido a uma disputa sobre uma refinaria de alumina.
Em 9 de maio de 2025, a Presidência leu dois decretos que revogaram a licença semi-industrial da Guiter Mining (emitida em 28 de dezembro de 2022, D/2022/06/01) e a concessão mineira da Kebo Energy SA (concedida em 23 de junho de 2023, D/2023/0147, alterando um decreto de 2020). Ambas não são minas em operação.
Embora a Guiné não possa replicar economicamente a estratégia da Indonésia no bauxita e no níquel a curto prazo, a sua determinação em desenvolver a sua própria indústria de processamento tornou-se cada vez mais clara.
O que exige a lei?
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Adição de valor no país (Código Mineiro, Art. 15 e diretrizes presidenciais de abril de 2022 / março de 2023)
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Os produtores de bauxita devem apresentar um plano de refinaria de alumina e iniciar as atividades até 2027, ou então fazer uma parceria com um projeto local aprovado.
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Os operadores de ouro, minério de ferro e diamantes devem processar o seu minério no país ou pagar um fundo de beneficiamento equivalente.
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Não cumprimento: cancelamento imediato da licença mineira e suspensão simultânea da licença de exportação relacionada.
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Cronograma do projeto e marcos de investimento (Código Mineiro, Arts. 23-25)
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Os trabalhos de exploração devem começar no prazo de seis meses após a emissão da licença; o desenvolvimento deve começar no prazo de 12 meses após a emissão da licença de exploração industrial.
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Os atrasos acarretam multas de 10 milhões de francos guineenses (GNF) por mês (≈ US$ 1 milhão) para as licenças de exploração ou US$ 2 milhões por mês para as concessões; as licenças podem ser revogadas após 18 a 24 meses de inatividade.
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Não cumprimento: as multas continuam a acumular, e a licença ou concessão pode ser revogada.
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Receitas do Estado e locais (Código Mineiro, Arts. 112-120)
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O Estado recebe uma participação gratuita de 15% e detém uma opção de compra de até 20% adicionais de capital em cada grande projeto.
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Os operadores devem pagar taxas de superfície, royalties escalonados e 0,5% do volume de negócios anual para o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FODEL).
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Incumprimento: pagamentos retroativos com juros são devidos; infrações graves podem resultar na retirada da licença.
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Avaliação de impacto ambiental e social (Código de Mineração, Art. 143 e Código Ambiental de 2019)
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Uma Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS) abrangente — que abrange planos de reabilitação, reassentamento e desenvolvimento comunitário — deve ser aprovada antes do início do trabalho de campo.
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Os operadores devem apresentar relatórios anuais de monitoramento e atualizar as medidas de mitigação ao longo da vida útil da mina.
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Incumprimento: um título não pode ser concedido ou renovado; as operações podem ser suspensas e multas podem ser impostas.
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Conteúdo local e emprego (Lei de Conteúdo Local L/2022/010/CNT, 22 de setembro de 2022)
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As empresas devem atender a proporções mínimas de mão de obra guineense, implementar programas de treinamento estruturados e adquirir uma parcela obrigatória de bens e serviços de fornecedores locais.
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Incumprimento: multas de 5% a 25% do valor do contrato podem ser aplicadas, e as cotas de exportação podem ser suspensas.
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De acordo com a pesquisa da SMM, além da refinaria de alumina iniciada pela SPIC em março deste ano, a fábrica Friguia da RUSAL é a única refinaria de alumina em operação na Guiné. Em 2024, a Friguia operou em apenas 52% de sua capacidade de 650.000 toneladas por ano, o que significa que apenas cerca de 2,3% dos 144 milhões de toneladas anuais de produção de bauxita do país foram refinadas internamente, privando a economia de empregos e dinheiro na cadeia produtiva; as últimas notas de políticas afirmam que cumprir o prazo de construção da refinaria em 2027 pode triplicar o PIB da mineração em cinco anos.
Além disso, as cidades no cinturão de bauxita estão exigindo que as mineradoras contribuam para o Fundo de Desenvolvimento Econômico Local (FODEL), exigido por lei, uma fonte de receita que agora financia infraestrutura básica em todo Boké.
Para os operadores, o ministério começou a realizar auditorias detalhadas dos marcos das licenças. Qualquer projeto que não tenha iniciado a exploração dentro de seis meses, ou o desenvolvimento industrial dentro de doze meses — agora enfrenta multas de 10 milhões de francos guineenses (≈ US$ 1 milhão) por mês e o risco de cancelamento da licença após 18 a 24 meses. As empresas também devem apresentar cronogramas realistas para as refinarias de alumina antes das revisões de meados de 2025, atualizar seus planos de conteúdo local de acordo com a lei de 2022, publicar provas de pagamentos ao FODEL nos relatórios ESG de 2025 e estar prontas para inspeções conjuntas de Minas e Meio Ambiente dos compromissos da AIAS.
O ministro das Minas, Boubacar Traoré, recebeu a ordem de aplicar as decisões, e as autoridades insinuam que uma lista pública de outros “inadimplentes reincidentes” pode ser divulgada já em julho. A mensagem, como disse um assessor na televisão estatal, é: construa localmente, contrate localmente, pague localmente — ou vá embora.