Malásia, agosto de 2025 — O mercado de sucata de aço inoxidável da Malásia há muito é moldado pelas exportações. Com capacidade doméstica limitada para absorver o material, vender para o exterior tornou-se o padrão. A Índia agora é o maior comprador, enquanto a China, apesar de oferecer preços mais firmes, permanece um destino difícil devido às suas rigorosas regras de importação.
Comparação de preços: margens estreitas entre Malásia e China
Pesquisas da SMM mostram que os preços domésticos da sucata de aço inoxidável 304 na Malásia variam entre RM 4,6–6,2/kg (cerca de US$ 1,09–1,47/kg). A variação reflete diferenças acentuadas na qualidade: retalhos industriais limpos alcançam preços mais altos, enquanto sucata desmontada ou com impurezas negocia-se na extremidade inferior.
Segundo dados da SMM, as cotações em Foshan — o coração do comércio de aço inoxidável da China — ficam em RM 5,6–5,82/kg (cerca de US$ 1,32–1,38/kg). Isso é apenas um pouco acima da média da Malásia. A diferença, de cerca de RM 1/kg (US$ 0,23/kg), deixa pouco espaço para arbitragem lucrativa.
Duas rotas: grandes comerciantes exportam, pequenos ficam no mercado interno
Participantes do setor descrevem um mercado bifurcado:
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Grandes comerciantes focam em exportações, principalmente para a Índia, onde a abundância de compradores e termos flexíveis de coleta promovem estabilidade de longo prazo.
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Comerciantes menores vendem principalmente para o mercado interno, embora a capacidade limitada de fundição restrinja a demanda.
Essa divisão — "grandes comerciantes exportam, pequenos vendem internamente" — deixou a Malásia incapaz de formar um benchmark doméstico confiável, com os preços ditados por mercados externos.
Ásia do Sul absorve mais de 70%
Dados do Trademap.org ilustram o desequilíbrio. Em 2024, as exportações de sucata de aço inoxidável da Malásia foram principalmente para:
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Índia: 15.862 toneladas (41,6%)
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Bangladesh: 12.403 toneladas (32,5%)
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Singapura: 5.342 toneladas (14,0%)
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Taiwan, China: 1.746 toneladas (4,6%)
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Coreia do Sul: 946 toneladas (2,5%)
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China continental: 507 toneladas (1,3%)
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Outros: 1.353 toneladas (3,5%)
A Ásia do Sul domina: Índia e Bangladesh juntos absorvem quase três quartos das exportações da Malásia. Em contraste, a China continental representa apenas 1,3%, muito abaixo da sua demanda nominal.
Fontes: Trademap.org, SMM
Política e regulamentação: Malásia livre, Índia fácil, China rigorosa
A política ajuda a explicar a divergência. Em 2021, a Malásia introduziu um Imposto de Exportação de Sucata Ferrosa, mas a sucata de aço inoxidável foi excluída. Assim, as exportações permanecem isentas de taxas e sem restrições.
A China é outra história. Desde 2020, aplica o GB/T 39733-2020 "Matérias-Primas de Aço Reciclado", um padrão nacional que exige controles rigorosos na composição, radiação e documentação. Para a maioria dos pátios malaios, a conformidade é proibitivamente complexa.
A Índia, por outro lado, impõe poucas restrições. Os procedimentos de importação são simples e rápidos, razão pela qual se tornou o destino natural das exportações da Malásia.
Vozes da indústria
"A maior parte do material ainda vai para a Índia", admite um reciclador. "A demanda da China é grande, mas os procedimentos são muito complicados."
Outro comerciante foi mais direto: "Nós nem sabemos como os procedimentos da China realmente funcionam. Só ouvimos que são muito complexos. Sem canais claros, nem nos arriscamos a tentar."
Perspectivas
O comércio de sucata de aço inoxidável da Malásia é marcado por qualidade irregular e fluxos divididos. No curto prazo, a Índia continuará sendo o principal destino. Mas se a Malásia conseguir melhorar na triagem, testes e certificação, pode ainda conquistar o mercado chinês de maior valor. Até lá, a maior parte de sua sucata continuará a navegar para o oeste.



