De acordo com um relatório no site da BNAmericas, o governo brasileiro irá criar um comitê responsável por elaborar um mapa detalhado do potencial de recursos minerais do país, com especial ênfase nos chamados minerais críticos. Este tema ganhou destaque em meio às tensões nas relações comerciais com os EUA.
"Recentemente, li um artigo dizendo que os EUA estão interessados nos minerais críticos do Brasil. Sim, se eu nem sequer conheço um mineral e ele já é classificado como crítico, vou guardá-lo para mim — por que eu deixaria alguém tirá-lo de mim?", disse o presidente Lula em um discurso televisado no dia 28.
"Setenta por cento do nosso território e recursos ainda não foram explorados, então precisamos autorizar empresas a realizar explorações sob nosso controle. Uma vez que concedamos a uma empresa o direito de explorar e ela faça uma descoberta, essa descoberta não pode ser vendida, muito menos a área que contém minerais, porque ela pertence a nós, ao povo brasileiro, que deve ter o direito de se beneficiar da riqueza gerada por esses recursos."
Gabriel Escobar, encarregado de negócios e embaixador interino dos EUA no Brasil, reuniu-se recentemente com representantes da Associação Brasileira de Mineração (Ibram) para discutir como ambos os lados poderiam abordar essa questão. As conversas também abrangeram uma visita planejada de representantes do setor de mineração brasileiro aos EUA para buscar possíveis acordos, particularmente em torno dos minerais críticos.
A menção de Lula aos minerais críticos veio após Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre o Brasil, a maior tarifa imposta pelos EUA a qualquer país até agora.
Apesar das preocupações de líderes empresariais e analistas sobre o impacto das tensões na situação política e econômica do Brasil, o interesse dos EUA nos minerais críticos pode criar oportunidades para o país.
"O Brasil ainda depende muito do minério de ferro, e por anos o país tem tentado diversificar seu setor de mineração. Acelerar a exploração de minerais críticos e atrair os EUA como compradores representam uma oportunidade para o Brasil diversificar sua produção mineral e expandir sua base de clientes", acredita um analista da empresa de investimentos AGF.
A pedido dos EUA, o objetivo da reunião do Ibram foi discutir possíveis acordos sobre minerais críticos e estratégicos, como terras raras, níquel, lítio e cobre.
Desde que Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre o Brasil a partir de 1º de agosto, o governo brasileiro vem criticando as ações unilaterais dos EUA.
No entanto, nos últimos dias, a comunidade empresarial brasileira tem pressionado o governo a negociar sobre as tarifas. Embora Lula tenha dito que está aberto ao diálogo com Trump, ele não permitirá que os EUA interfiram nos assuntos internos do Brasil.
"Nos últimos anos, o interesse global em minerais críticos aumentou, impulsionado em grande parte pela transição energética. Agora, com o governo Trump no poder, vemos uma mudança significativa nos motivos por trás desse interesse. Atualmente, está mais relacionado a projetos tecnológicos e também intimamente ligado à indústria de defesa", disse José Carlos Martins, membro do conselho da mineradora brasileira de minério de ferro Cedro Mineração e fundador da Neelix Consulting Mining & Metals.



