Em maio de 2025, o presidente de transição da Guiné, Mamadi Doumbouya, anunciou que um conjunto de licenças de mineração havia sido revogado por "baixo desempenho". A decisão reflete uma onda mais ampla de nacionalismo de recursos que tem varrido as nações governadas por militares em países africanos desde 2020, à medida que as novas autoridades buscam um controle mais firme sobre suas riquezas minerais.
Embora muitos dos alvarás cancelados cobrissem projetos inativos, a maior operação ativa afetada foi a das minas de bauxita da Axis Minerals Resources no corredor Boffa–Fria. O decreto forçou um fechamento imediato: os locais foram colocados em cuidado e manutenção, e centenas de trabalhadores foram colocados em licença enquanto o governo decidia quem deveria assumir a concessão. Até mesmo alguns funcionários chineses tiveram que voltar para a China.
A Axis cedeu seu alvará em 2019 para uma nova joint venture chamada AGB2A. A SD Mining SA, apoiada por chineses, forneceu dinheiro e equipamentos para uma participação de 42%, enquanto os 58% restantes foram para a Guinea Investment Corporation (GIC), uma empresa controlada pelo ex-ministro de Minas Ahmed Kanté — que, segundo a mídia local, está agora envolvido em várias disputas comerciais, incluindo uma com a Africa Bauxite Corporation (ABC) e seu representante Alex Zotov. De acordo com um dos meios de comunicação locais, a SD Mining pretendia cooperar com a ABC, em vez de com a GIC.
A SD Mining investiu cerca de US$ 58 milhões em máquinas, capital de giro e infraestrutura. As declarações fiscais da GIC, por outro lado, são opacas, e os jornais locais alegam que mais de US$ 20 milhões em receita de logística desapareceram. Alegações de contratos fraudulentos, desvio de fundos e contabilidade opaca acabaram por romper a parceria.
Em 28 de fevereiro de 2022, as duas partes dividiram formalmente a concessão. Seus destinos divergiram rapidamente: as exportações da SD Mining aumentaram de 1,5 milhão de toneladas em 2022 para 9 milhões de toneladas em 2023 e 20 milhões de toneladas em 2024, e no início deste ano, a empresa esperava ultrapassar 25 milhões de toneladas. A empresa informa ter pago cerca de US$ 120 milhões em impostos em 2024. No entanto, a GIC foi posteriormente acusada por inspetores do governo de subarrendar ilegalmente sua área.
Uma missão conjunta dos ministérios de Minas, Trabalho e Administração Pública visitou os dois locais no final de maio. Um dos relatórios mostra que os números de produção e despesas da GIC são "incoerentes e não verificáveis", ao mesmo tempo em que considera que a SD Mining está totalmente em conformidade com as obrigações de segurança, fiscais e de conteúdo local.
Até o final de julho, a licença ainda estava em suspenso. A SD Mining informou à SMM que havia iniciado os passos técnicos necessários para reiniciar as operações, embora ainda não possa dizer quando poderá retomar. As perspectivas da GIC são muito menos certas; a empresa está buscando recursos administrativos e deu a entender que pode buscar arbitragem internacional se a licença for reatribuída sem ela.
A SMM estima que, se a SD Mining for autorizada a reiniciar no quarto trimestre, a produção de bauxita da Guiné em 2025 atingirá 174 milhões de toneladas, 10,5 milhões de toneladas abaixo das estimativas no início do ano, mas ainda 28 milhões de toneladas acima de 2024. Mesmo sem a SD Mining, o fornecimento adicional de grandes empresas como a SMB e a Chalco manteria o mercado global em excesso, em cerca de 11,9 milhões de toneladas, sugerindo pouco risco imediato de escassez de bauxita.



