Quando o presidente dos EUA, Trump, anunciou uma série de novas tarifas em abril, provocando turbulência no mercado, os investidores de varejo em toda a Ásia correram para a bolsa de valores dos EUA para comprar os ativos em queda. No entanto, há agora sinais de que eles estão se retirando rapidamente...
Os dados oficiais mostram que os investidores de varejo sul-coreanos registraram suas primeiras vendas líquidas de ações norte-americanas em maio, descarregando um total de mais de US$ 1 bilhão em ações norte-americanas, a primeira vez que isso aconteceu desde a vitória eleitoral de Trump no ano passado;
Enquanto isso, os investidores de varejo japoneses também se tornaram vendedores líquidos de fundos negociados em bolsa (ETFs) norte-americanos. Dados da Bolsa de Valores de Tóquio mostram que os investidores de varejo japoneses venderam cerca de US$ 166 milhões em ETFs norte-americanos naquele mês, a maior redução desde abril de 2023.
Além disso, de acordo com dados de uma corretora local, o volume de ações norte-americanas compradas pelos traders de Cingapura em maio diminuiu um quarto em relação ao mês anterior.
Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers, disse: “Eles (investidores de varejo asiáticos) foram muito agressivos quando o mercado estava em baixa, mas agora o ímpeto de compra enfraqueceu”.
Essa retirada sugere que até mesmo alguns dos investidores individuais mais astutos e tolerantes ao risco do mundo estão agora hesitando em seu entusiasmo por correr para comprar em meio ao aumento contínuo dos preços das ações norte-americanas, à medida que elas se aproximam novamente de máximos históricos.
Quando as tarifas do “Dia da Emancipação” de Trump agitaram o mercado, os investidores de varejo asiáticos investiram na bolsa de valores dos EUA, comprando ações e ETFs mesmo quando Wall Street estava envolta em escuridão. Suas ações de fato renderam retornos substanciais: o índice S&P 500 havia caído 12% de 2 de abril a 8 de abril, mas desde então se recuperou mais de 20% em relação às suas baixas.
Pode-se dizer que a bolsa de valores dos EUA ignorou em grande parte as ansiedades externas mais amplas sobre os ativos norte-americanos nas últimas semanas, enquanto a operação de “venda dos EUA” pesou fortemente sobre o dólar norte-americano nos últimos meses e desencadeou fortes flutuações no mercado de títulos dos EUA.
A chave ainda está com Trump
A desaceleração da demanda dos investidores de varejo asiáticos coincide com um enfraquecimento da recuperação do índice S&P 500. Embora o índice esteja atualmente a menos de 2,5% de sua máxima histórica de 6.147,43 pontos, registrada em fevereiro, o índice de referência ganhou menos de 1% nas últimas três semanas, um raro momento de calma após meses de fortes flutuações.
Alguns especialistas do setor disseramque o destino do mercado de ações dos EUA nos próximos dias ainda dependerá em grande medida de Trump, cujos anúncios de políticas imprevisíveis — às vezes seguidos de reviravoltas abruptas — são suficientes para abalar o mercado "em um piscar de olhos".
Um investidor de 25 anos de Singapura disse que havia comprado anteriormente uma quantidade "significativa" de ETFs que replicam ações de crescimento e índices dos EUA. Como esses investimentos rapidamente renderam retornos, ele posteriormente reduziu suas participações.
"Agora que o mercado voltou à sua posição original, não investirei mais dinheiro no mercado do que o habitual", observou Goh. "Mas se Trump disser ou fizer algo que, mais uma vez, pressionará o mercado, comprarei mais".
Claro, alguns investidores de varejo asiáticos continuam otimistas em relação ao mercado dos EUA. Na última década, o mercado de ações dos EUA tornou-se uma fonte segura e relativamente confiável de renda para muitos investidores asiáticos. No contexto da alta das ações de grandes empresas de tecnologia, o mercado de ações dos EUA superou os índices de ações na região da Ásia-Pacífico.
Para alguns investidores asiáticos, a ideia de "investir dinheiro no mercado dos EUA" pode ser difícil de abandonar por enquanto.
Nam Yong Soo, chefe do departamento de gestão de ETFs de uma empresa sul-coreana de gestão de investimentos, disse que a maioria dos investidores na Coreia do Sul tem uma forte crença nas ações dos EUA.
