De acordo com uma reportagem do Mining.com, citando a Reuters, um tribunal federal dos Estados Unidos ordenou na sexta-feira (9 de maio) que a administração Trump não possa transferir atualmente terras para a Rio Tinto e a BHP para o desenvolvimento de uma mina de cobre à qual os nativos americanos se opõem, citando a revisão em andamento do caso complexo pelo Supremo Tribunal.
Atualmente, o projeto da mina de cobre Resolution está no centro de uma batalha controversa. Por um lado, há a necessidade de salvaguardar os direitos religiosos do povo apache de San Carlos, no Arizona, enquanto, por outro, há uma crescente demanda por cobre impulsionada pela transição energética, levando o governo dos EUA a pedir a expansão da produção mineral doméstica.
Em uma ordem de 18 páginas, o juiz distrital dos EUA, Steven Logan, afirmou que a Apache Stronghold, uma organização sem fins lucrativos que representa o povo apache e seus aliados, pode ter sucesso em seu recurso ao Supremo Tribunal e, portanto, a transferência de terras deve ser temporariamente suspensa.
"Está claro que a balança pende a favor da Apache Stronghold, e eles demonstraram que sofrerão danos irreparáveis se a transferência for realizada, mesmo a curto prazo", disse ele.
A disputa gira em torno do Oak Flat Campground, um local de propriedade federal onde muitos apache adoram suas divindades. Sob o acampamento encontra-se um depósito de cobre com reservas superiores a 40 bilhões de libras (18,1 milhões de toneladas), um material crítico para a fabricação de veículos elétricos e quase todos os dispositivos eletrônicos.
Se construída, a mina a céu aberto da Resolution teria 3 km de largura e 304 m de profundidade, engolindo gradualmente o acampamento.
Desde 2021, os tribunais dos EUA negaram repetidamente os pedidos do povo apache para bloquear a transferência de terras. Essas decisões seguiram uma decisão tomada pelo Congresso dos EUA e pelo então presidente Obama em 2014.
Durante seu primeiro mandato, o presidente Trump iniciou a transferência de terras federais, mas essa medida foi vetada por seu sucessor, Biden, enquanto o caso estava pendente no tribunal.
O Supremo Tribunal dos EUA está agora considerando se vai aceitar o caso. O Supremo Tribunal indicou pelo menos 13 vezes que continuará a revisar o recurso, tornando o processo altamente incomum.
Enquanto isso, Trump reiniciou o processo de transferência de terras no mês passado, com o governo dos EUA planejando concluí-lo já em 16 de junho, o que levou à decisão de emergência de Logan.
Em sua decisão na sexta-feira, Logan afirmou: "Há uma base sólida para acreditar que 'a Suprema Corte irá julgar o caso'". Os compromissos feitos pela Rio Tinto e pela BHP de manter a área acessível ao público pelo tempo que for possível de forma segura "não são confiáveis", já que não são juridicamente vinculativos, acrescentou Logan.
Logan não acreditou no testemunho dado pelos executivos da Rio Tinto em uma audiência no início da semana passada. A Rio Tinto alegou que já havia investido US$ 2,7 bilhões no projeto Resolution Copper e estava gastando US$ 11 milhões por mês em manutenção, o que era uma "escolha voluntária" da empresa.
A Rio Tinto afirmou que estava avaliando a decisão do tribunal local.
"Esta decisão provisória... não mudará a essência das questões jurídicas que estão sendo ouvidas pela Suprema Corte", disse um porta-voz da Rio Tinto.
A BHP, que detém uma participação de 45% no projeto, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
Wendsler Nosie, líder do Apache Stronghold, expressou estar "grato ao juiz por impedir essa usurpação de terras, permitindo que a Suprema Corte tenha tempo para proteger Oak Flat da destruição".



