A montadora chinesa BYD e a gigante metalúrgica Tsingshan abandonaram os planos de construir fábricas de processamento de lítio no Chile, informou o jornal local Diario Financiero na quarta-feira.
A BYD já apresentou o aviso de retirada ao Ministério do Patrimônio Nacional. A Tsingshan, por meio de sua afiliada Yongqing Technology, informou à Corfo, agência de desenvolvimento econômico do Chile, que não prosseguirá mais com seu projeto de bateria de lítio. A Corfo confirmou a retirada, observando que a Tsingshan não estava legalmente constituída no Chile.
Ambas as empresas foram selecionadas pela Corfo em 2023 como investidoras estratégicas para desenvolver produtos de lítio de valor agregado, como cátodos e baterias. Os acordos incluíam preços preferenciais e garantia de acesso ao carbonato de lítio da SQM —parceira estatal do Chile e segunda maior produtora mundial de lítio— até 2030. Em troca, as empresas se comprometeram a investir um total de 523 milhões de dólares no Chile e a gerar quase 1.200 empregos.
Uma combinação de queda nos preços do lítio, instabilidade no mercado global e atrasos burocráticos frustraram ambas as iniciativas antes que os contratos pudessem ser finalizados.
A BYD foi a primeira a levantar preocupações. O Diario Financiero informa que, há um ano, a empresa alertou para atrasos na aquisição de terrenos para sua fábrica de cátodos de 290 milhões de dólares em Antofagasta, que deveria produzir 50 mil toneladas de fosfato de ferro e lítio (LFP) por ano. A fábrica teria fabricado o componente mais caro de uma célula de bateria de VE — o cátodo. A Corfo reconheceu as preocupações da empresa e disse que a BYD havia solicitado mais informações para reavaliar seus planos.
A BYD, mais conhecida por seus veículos elétricos acessíveis e capacidades de fabricação própria, pretendia ancorar sua produção de cátodos de LFP no norte do Chile. A Tsingshan, um dos maiores conglomerados privados da China, pretendia investir 233 milhões de dólares em uma instalação de baterias em Mejillones, ao norte do polo mineiro de Antofagasta. Ambos os projetos estão agora oficialmente arquivados.
A atual estratégia de lítio do Chile, apresentada pelo presidente Gabriel Boric em 2023, exige que empresas como a Albemarle (NYSE: ALB) e a SQM (NYSE: SQM) aloquem uma parte de sua produção a preços preferenciais para empresas dispostas a investir em tecnologias locais baseadas em lítio.
Embora a retirada da BYD e da Tsingshan represente um revés, o Chile continua a ser um ator central no mercado global de lítio, ocupando o segundo lugar na produção, atrás apenas da Austrália.
